(Português) Estudo mostra que a pecuária é a atividade com maior apropriação de solo na Amazônia

ORIGINAL LANGUAGES, 28 Aug 2017

David Arioch | Jornalismo Cultural – TRANSCEND Media Service

Foto: Daniel Beltrá

21 ago 2017 – O artigo “Pecuária e desmatamento: uma análise das principais causas diretas do desmatamento na Amazônia”, publicado pela revista Nova Ecnonomia, do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), avalia a evolução das causas imediatas do desmatamento da Amazônia, utilizando-se de regressões lineares.

O estudo mostra que nos estados da Amazônia não há atividade com maior apropriação de solo do que a pecuária, e exatamente por desempenhar papel tão determinante na região está fortemente associada com o desmatamento, inclusive sendo apontada como principal causa. E a agricultura em larga escala em vez de reduzir o impacto da pecuária no desflorestamento tem ajudado a ampliá-lo, até porque as duas culturas estão intrinsecamente relacionadas na região, já que uma depende da outra.

O artigo aponta que o crescente investimento em pecuária na região não tem previsão de desaceleração, até porque a pecuária exige baixos níveis de capital, pouco preparo para o solo e poucas restrições associadas ao relevo e áreas livres de troncos em florestas onde o desmatamento é extremamente acentuado.

Na área, a criação de gado normalmente é extensiva, o que significa que há grandes latifúndios contando com até uma cabeça por hectare. O estudo sugere que é preciso agir sobre a lógica dessa expansão, reduzindo o seu avanço sobre novas áreas da Amazônia. Para isso, é preciso com urgência que sejam estabelecidas novas políticas ambientais.

“É necessário também reduzir a motivação da expansão da pecuária nas áreas onde a propriedade da terra é incerta ou se encontra sobre o controle formal do governo (as chamadas áreas devolutas). Sem o aumento do grau de ordenamento sobre a propriedade da terra e do aumento da legalidade nas áreas ocupadas, a pecuária de baixa produtividade e baixo investimento de capital vai continuar fazendo parte da lógica de expansão da ocupação da terra na Amazônia”, informa o artigo “Pecuária e desmatamento: uma análise das principais causas diretas do desmatamento na Amazônia”.

Desmatamento é maior em áreas que pertencem ao Pará, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão.

A pecuária como fator colaborativo do desmatamento na Amazônia

De acordo com o artigo “O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas”, que faz parte do Dossiê Amazônia Brasileira 1, publicado pela Universidade de São Paulo (USP), o modelo da ocupação demográfica da Amazônia legal nos últimos cinquenta anos tem levado a níveis significativos de desmatamento, resultante de múltiplos fatores, entre eles, a pecuária.

A área cumulativa desmatada na Amazônia legal brasileira chegou a cerca de 653.000 km² em 2003. O processo de desmatamento normalmente começa com a abertura oficial ou clandestina de estradas que permitem a expansão humana e a ocupação irregular de terras à exploração predatória de madeiras nobres.

[…] Existe uma relação direta entre a economia, o avanço da fronteira na Amazônia Legal e a taxa de desmatamento crescente desde 1990, influenciada pelo estado da economia nacional. Contudo, nos últimos anos, essa relação começou a modificar-se, pois a taxa de desmatamento foi crescente, apesar da falta de crescimento econômico .

[…] Os estados que mais desmataram a Amazônia brasileira entre 2001 e 2003 foram os do Pará, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão, que, juntos, corresponderam por mais de 90% do desmatamento observado nesse período.

Foto: André Penner (AP)

50% dos municípios da Amazônia não contam com fiscalização do desmatamento

De acordo com o artigo “Causas do desmatamento no Brasil e seu ordenamento no contexto mundial”, publicado pela Revista de Sociologia e Economia Rural, na Amazônia Legal, onde o desmatamento provocado pela pecuária é predominante, apenas 50% dos municípios contam com a presença de um órgão fiscalizador.

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David Arioch é jornalista, pesquisador e documentarista. Trabalha profissionalmente há dez anos com jornalismo cultural e literário.

 

 

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