(Português) Acendendo uma luz sobre animais invisíveis em um mundo humano

ORIGINAL LANGUAGES, 17 Apr 2017

Por Jo-Anne McArthur - ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Jo-Anne McArthur

6 abril 2017 – Há 19 anos, enquanto eu viajava de mochila pelo Equador, passei por uma residência onde alguém tinha amarrado um macaco rhesus a uma janela com uma corda. O macaco era pequeno o suficiente para conseguir se mover para frente e para trás entre as barras de segurança na janela e havia sido treinado para verificar os bolsos de transeuntes e soltar a pilhagem dentro da casa.

Turistas paravam para tirar fotos enquanto o macaco alcançava os bolsos das pessoas. Todo mundo parecia achar isso hilário, exceto eu. Pensei que era humilhante e depreciador para o macaco e para os seres humanos ao seu redor. Certamente havia maneiras de se relacionar com animais como este macaco que eram mais honestas, menos exploradoras e mais informativas do que isso.

Minha interação com o macaco e os humanos rindo dele iniciou minha carreira no fotojornalismo. Desde então, viajei para mais de 50 países, capturando imagens que mostram a maneira como os animais são usados no mundo humano. Documentei as histórias de dezenas de milhares de animais: em zoológicos e em fazendas industriais, em feiras de animais e em fábricas de filhotes, em santuários e circos; assim como imagens daqueles que defendem os animais.

Foto: Jo-Anne McArthur

Eu realmente acredito que quando olhamos para um animal acorrentado a uma janela, não estamos apenas vendo o animal, mas nossa própria moralidade refletida de volta para nós.

Quando mais eu olhava para os animais que os humanos usam, mais eu via como eles eram invisíveis. O casal que passeia com seu husky pelo parque que não percebe os coiotes que foram capturados e esfolados para fazer suas jaquetas de pele. A família que vai a um restaurante de fast-food para comer hambúrgueres que não vê o caminhão de transporte cheio de vacas amedrontadas e paralisadas passar por eles conforme deixam a rodovia. Os pais apontando os leões no recinto do zoológico para o seu filho pequeno que não percebem o significado real das barras e paredes de concreto.

Os animais estão presentes em quase todos os aspectos da vida humana: nossas refeições, nossas roupas, nossas indústrias de entretenimento e, no entanto, vivem no escuro. Às vezes, seu sofrimento está escondido atrás das paredes das fazendas industriais, onde bilhões de animais têm vidas curtas e dolorosas todos os anos. Às vezes, nossa insensibilidade em relação aos animais está escondida à vista: a orca presa em um tanque que pode circular em poucos segundos antes de iniciar o mesmo movimento monótono novamente. Tão frequentemente nós olhamos, mas não enxergamos realmente.

Foto: Jo-Anne McArthur

Durante os anos que passei documentando animais invisíveis, também focalizei minha lente nos indivíduos que trabalham para protegê-los. Estamos vivendo uma nova era de ativismo e as histórias daqueles que estão dando – e arriscando – tudo para defender os animais precisam ser contadas.

Muitos ativistas perceberam o impacto que uma pessoa pode ter quando encontraram um gerente de santuário, um ativista, um advogado e viram a mudança real que apenas uma pessoa poderia conseguir. Conto as histórias de ativistas para destacar sua compaixão e sua coragem e para inspirar outros a se levantarem e fazer suas vozes serem ouvidas.

Foto: Jo-Anne McArthur

Depois da minha experiência no Equador, comecei o We Animals, um projeto fotográfico que documenta nossas relações com animais. Queria que o projeto ajudasse as pessoas a ver o que eu tinha visto naquele dia: não um ato divertido, mas a corda em torno do tornozelo do macaco.

Quero que meu trabalho seja usado para iniciar diálogos e promover uma mudança. É por isso que lancei o We Animals Archive como um recurso para defensores de animais e jornalistas em todo o mundo: para combater a invisibilidade das milhões de criaturas com quem partilhamos este planeta, na esperança de que um dia mudemos, que não só olhemos, mas também que percebamos verdadeiramente os animais e tomemos decisões mais compassivas em nome deles.

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Jo-Anne McArthur é fotojornalista, autora, educadora e ativista pelos direitos animais.

Originalmente publicado no Huffington Post.

Tradução de Aline Khouri/ Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

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