(Português) Os ‘elefantes pintores’ e a imbecilidade humana

ORIGINAL LANGUAGES, 6 Mar 2017

Sheila Leirner - Estadão

25 Fevereiro 2017 – Uma pessoa que conhece o meu amor pela arte e certamente desconhece o meu sentimento pelos animais, marcou-me, entre outros, num post do Facebook onde ela apresenta o vídeo de um elefante que pinta com um pincel em sua tromba.

Sob o olhar do adestrador – que, de tempos em tempos, molha o pincel na tinta – o animal traça a figura de outro elefante, três flores e uma palavra de quatro letras em guisa de “assinatura”. A legenda diz: “Se quiser aprender a amar, comece com os animais… eles são mais sensíveis.”

“Elefante pintor” na Tailândia

O vídeo (que me recuso a reproduzir aqui) foi visto 34 792 138 vezes, 1 K curtiram, 3 226 compartilharam e eu, que jamais vi coisa igual, DETESTEI testemunhar o animal abusado.

Um elefante respira 70% pela tromba, é o seu órgão mais precioso. Quando o vemos controlar o pincel com ela, não é difícil supor a crueldade da adestração que precedeu este gesto. Como no circo e nos parques de atrações, estes campos de concentração de animais, adestramento e maus-tratos sempre estão na origem da sua suposta “sabedoria”. Que pulsão é esta que faz com que o homem, por ignorância, voracidade e/ou crueldade, esteja sempre tentando desnaturar o natural?

Procurei saber mais. Descobri que “elefantes pintores” são mártires. A metade deles morre: ou de septicemia (os pincéis os infectam) ou porque tornam-se incontroláveis e são abatidos, ou se suicidam por asfixia fechando a boca e deitando sobre a sua própria tromba.

Até a próxima que agora é carnaval, e tanto pior se em vez de falar de folia, resolvi lembrar da inteligência animal que perime nas florestas e da falta de inteligência humana que grassa no planeta!

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Sheila Leirner é jornalista, crítica de arte, escritora, memorialista, gastrônoma, escreve desde 1975 para o jornal “O Estado” e foi curadora de duas bienais. Mora e trabalha em Paris, com o coração em São Paulo.

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