(Portuguese) Abaixo ESTA Cultura. Séculos de Touradas: Chega!!!

ORIGINAL LANGUAGES, 7 Nov 2011

Marise Jalowitzki – TRANSCEND Media Service

Tudo na vida precisa ser analisado, verificado, de tempos em tempos verificado novamente e, daí, extrair o que é conveniente, o que está adequado à visão daquele tempo, nivelado com o grau de entendimento e consciência das pessoas.

Séculos de um esporte (???) que marcou uma nação, que etiquetou milhões de pessoas, que manchou (literalmente) de sangue o chão por onde pisaram aqueles que são considerados artistas e heróis. Falo das touradas, dos toureiros e dos touros. Falo dos povos que assistem a esse espetáculo que se baseia no sofrimento de um ser [dito] irracional, frente a um ser [dito] racional, onde, mais uma vez, o humano escolhe e o outro “parceiro” é escolhido, sem chance de recusa!

Creio que, se pensarmos nos gladiadores romanos, as arenas incendiadas de gritos enlouquecidos quando os leões devoravam com vontade seja os soldados “heróis”, seja os escravos e prisioneiros de guerra nas arenas, podemos afirmar, sim, que há uma grande evolução, que hoje já não se matam pessoas em público como um ato de diversão, legalmente aceito. Entretanto, qual o caminho da raça humana, se não for o da evolução? Séculos e milênios nos separam daquele “esporte” primitivo, instintivo e cruel.

Séculos nos separam do advento das touradas. Não chega? Chega, chega, sim!

O corpo esguio do toureiro é um símbolo, suas roupas [reveladoras de uma masculinidade questionavel], o porte, a habilidade, a capa, as lendas, tudo lindo… no imaginário! Mas, o que ele faz, o produto de todo o seu treinamento e exibição, não!

Pessoas de todo o mundo, como pode o entretenimento estar associado à violência, à dor, à crueldade, à submissão? À morte? Os jogos mortais virtuais já são um devaneio macabro, os crimes “reais” continuam absorvendo a estupefação de muitos.

Será que podemos pensar mais além? Nos seres indefesos? Nos animais? Será?

No caso das touradas, todos sabemos que o touro é excitado para que fique mais enraivecido, mais furioso, mais desesperado, encurralado, sem saída, antes mesmo de entrar na arena. A alimentação a que é submetido também acirra os ímpetos.

E o que são aquelas lanças, espetadas uma a uma em suas costas, desesperando-o até a consumação?

E, após a sua morte impiedosa, a carne é repartida entre as “autoridades” que lá estão. A fama do toureiro cresce não só por quantos touros consegue submeter e matar, mas, também, por quanto tempo consegue perpetuar o terrível espetáculo.

Aos 8 anos de idade comecei a ouvir histórias de toureiros mortos durante as touradas “por um touro impiedoso”, “por um touro cruel”, “por um touro sem coração” e outros adjetivos. Aí, interessei-me em saber como era aquilo, pois alguém treinar para ser um profissional matador de touros, onde estava o touro?  Aprendi COMO aconteciam esses episódios. Desde lá os repudio, embora entenda que CULTURA é algo arraigado, é crença enraizada, demora para se desvincular do cotidiano de quem a pratica. Mas já deu o que tinha p’ra dar!

IUUPPIII!!! BEM VINDA A LEI DA CATALUÑA, que entrará em vigor [apenas] em 2012 e que proíbe a prática das touradas. Esse movimento de conscientização já vem sendo divulgado há muito tempo e conta com a adesão de muitos órgãos internacionais. Torço, sincera e tenazmente, para que nada aconteça em oposição a essa lei e que ela possa, realmente, reinar, real, para todo o sempre. E que se alastre! (E que o mundo não acabe em 2012!!!…rsrs)

Quando Brigitte Bardot iniciou seu movimento, também revolucionário e hoje vitorioso, para diminuir o sofrimento do “bode expiatório” nos cultos religiosos que furam o pescoço do bode, o amarram e penduram de cabeça para baixo e, por dias e dias, deixam-no esvair-se em sangue, gota a gota, até morrer… PARA EXPIAR OS PECADOS dos humanos adeptos, ela sabia que não poderia bater de frente e, simplesmente, pedir para extinguir o culto.

Por isso, conseguiu que se promulgasse uma lei que instituiu a obrigatoriedade da anestesia para que o animal não sofresse tanto. Pelo menos isso!!!

Raça humana!

Agora, com o “espetáculo” da tourada não há como conseguir isso. Como anestesiar o touro, se é exatamente na sua desesperada fúria pela sobrevivência e tentativa de fuga da dor é onde reside a “alegria” de quem vem assistir o “show”?

Temos mais tristes episódios como esse, espalhados pelo mundo. Há tanta coisa! A farra do boi, tanto em Portugal como em Santa Catarina. As brigas de galos de rinhas, que na clandestinidade ainda enchem os fundos de páteos de muitos lugares. As lutas de cães, os impiedosos adestramentos de elefantes e tantos outros animais. O horrível tratamento alimentar a que são submetidos os gansos para que se produza o “chique”, o “sofisticado” e disputado patê de ganso!!! Vergonha pura! Pura Vergonha!

Há um bom tempo sinto que devemos acertar nossos dicionários para retirar dali o termo “humanização” como sinônimo de qualquer coisa elevada. Nós somos uma pobre raça perdida em seus devaneios e vaidades, sem nenhuma certeza de melhoria.

Que aumentem os movimentos de conscientização!

E VIVA A NÃO VIOLÊNCIA!

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Marise Jalowitzki, escritora e consultora organizacional. Gaúcha de Crissiumal-RS-Brasil, 57 anos. Educadora, pós graduada em RH pela FGV-RJ, International Speaker pela IFTDO (Virginia-EUA). Livros publicados: Manual Comentado de Jogos e Técnicas Vivencias, Jogos e Vivências nas Empresas, Vivências para Dinâmica de Grupo (A Metamorfose do Ser em 360 Graus), Lidando com o Vampirismo nas Relações Interpessoais, Perdendo o Medo, ganhando Motivação!, Postura do Facilitador de Grupos nas Organizações.

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